Os Red Devils estavam a procura de dias melhores. O clube ainda sentia fortemente com a consequência do desestre aéreo em Munique, ocorrido uma década antes. Eles precisavam de alguma forma revelar novos jogadores e ir em busca dos títulos, para pelo menos "amenizar" as manchas negativas do passado. A ressurreição tardou, mas não falhou.
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Entrada de ambas as equipes no gramado de Wembley. |
No dia 29 de maio daquele ano, a história começaria a ser outra. Certas pessoas devem estar no lugar certo, na hora certa. Sir Matt Busby e Bobby Charlton, sobreviventes do acidente, estavam lá, firmes e fortes, mais do que nunca. E claro, com os destaques do gênio George Best (comparado por muitos com Pelé) e o escocês Denis Law, que por conta de uma lesão no joelho, não pôde enfrentar o Benfica na final da Taça dos Clubes Campeões Europeus (atual UEFA Champions League).
Teriam pela frente o imbatível SL Benfica, a equipe avassaladora de Lisboa, comandada por Eusébio. A década de 60 foi perfeita para os benfiquistas. Vinham de cinco títulos consecutivos no Campeonato Português, fora as duas Ligas dos Campeões conquistadas nas temporadas de 1960-61 e 1961-62. Resumindo, o time amedrontava! O número de gols de Eusébio com a camisa vermelha e branca do clube português era maior que o número de partidas disputadas. Todas as fichas eram apostadas neste sujeito, nascido em Moçambique, na época colônia de Portugal.
Porém, a final era no templo de Wembley. Casa cheia, com 92.225 pessoas. Os primeiros 45 minutos foram ausentes de gols. Bobby Charlton, sozinho e de cabeça, abriu o marcador aos 8 minutos do segundo tempo. 1 a 0 Manchester. Best recebera um ótimo lançamento e marcara um belo gol de cobertura a seguir... uma pena estar em offside. 26 minutos após o tento de Charlton, Jaime Graça, em um chute cruzado - quase dentro da pequena área - empata para os benfiquistas. O jogo ficaria assim até os 90 minutos finais. O Benfica foi mais time, "empurrando" o adversário para a defesa em boa parte do jogo, mas sem sucesso. Prorrogação à vista!
Tempo extra
O "fator casa" e, segundo alguns especialistas, as condições climáticas apresentadas na ocasião, foram benéficas para o United. Aos 2 minutos de prorrogação, Stepney, goleiro do United, despacha a bola para o ataque, e George Best, com toda a sua categoria, coloca o zagueiro do Benfica para "dançar", dribla o goleiro José Henrique, para depois só ter o trabalho de tocá-la para o fundo das redes. Vantagem inglesa novamente, e o Benfica via o título se distanciar cada vez mais.
Dois minutos depois, Kidd, completando apenas 19 anos naquele dia, aumenta a diferença. Em cobrança de escanteio, o jovem atacante consegue marcar no rebote, de cabeça. A partir daí, o Manchester começou a "brincar", a colocar os portugueses na roda. Para selar de vez o título, Bobby Charlton marca o seu segundo tento e o quarto dos Reds. Estava mais do que certo. Manchester United, o primeiro time da Inglaterra a conquistar o título continental.
Curiosidade
“Eu costumava sonhar em driblar o goleiro, parar a bola na linha, agachar-me nas mãos e nos joelhos e empurrar para o gol. Na final da Liga dos Campeões de 1968, eu quase fiz isso, mas não tive coragem. O técnico teria um ataque cardíaco” - George Best, se referindo ao segundo gol do Manchester United sobre o Benfica, marcado pelo próprio.